Agora são 1:27 do dia 26 de setembro de 2025

No Maranhão, Quem Escolhe Lado Ganha Operação da PF de Brinde

As operações da Polícia Federal no Maranhão já não causam surpresa pelo barulho das sirenes, mas pelo alvo escolhido. O padrão se repete: prefeitos que, por coincidência ou não, se alinharam ao governador Carlos Brandão acabam no centro das manchetes.

O enredo mais ruidoso começou em Caxias, onde uma empresa associada a uma deputada estadual e a um secretário de Estado, ambos próximos ao Palácio dos Leões, apareceu como peça-chave da investigação. Dali em diante, o inquérito se espraiou, atingindo diferentes municípios em sequência.

Em Imperatriz, o impacto foi imediato: a cidade, administrada por um prefeito que já havia declarado fidelidade política, entrou no rol das investigações. Em Timon, a situação se repetiu, com a gestão municipal sendo exposta em meio a mandados e buscas.

Santa Inês também foi alvo, seguida de Pindaré-Mirim e Itapecuru-Mirim, todos com prefeitos que, de diferentes matizes partidárias, compartilham um denominador comum: o apoio público ao governador. Até mesmo São José de Ribamar foi incluída na lista, reforçando a sensação de que a operação escolheu seus endereços não apenas por contratos, mas também por efeitos políticos.

E, ao final, chega-se a Estreito. O município manteve contratos antigos com a empresa questionada, sem que irregularidades tivessem sido apontadas. Ainda assim, entrou no mapa da operação. A cidade, que poderia ser tratada como coadjuvante, acabou usada como vitrine: prova de que qualquer vínculo, ainda que remoto, basta para justificar a inclusão no inquérito.

O resultado é um inquérito que nunca se fecha uma rede de pesca predatória que lança anzóis em diferentes cidades, mas sempre fisga prefeitos do mesmo palanque.

Nos bastidores, o efeito já é claro.

Prefeitos e deputados, antes orgulhosos de declarar apoio em praça pública, agora preferem o silêncio. O apoio continua, mas de forma velada, em reuniões discretas, longe das câmeras. A política do Maranhão entrou na era do apoio escondido, ditado não pela convicção, mas pelo receio.

E em meio a tudo isso, surge um comentário inevitável, ainda que lateral: a relação entre Flávio Dino e Carlos Brandão, antes afinada, azedou de vez. Nada oficialmente conecta as operações a esse racha, mas politicamente é impossível ignorar que a ruptura abriu espaço para disputas de bastidores que, de um jeito ou de outro, ecoam nos alvos escolhidos.

A ironia é que a chamada Lei do Retorno, prometida para recuperar recursos, acabou devolvendo ao Maranhão algo muito mais antigo: a velha prática da política como campo de guerra. Hoje, quem escolhe lado não recebe apenas aplausos no palanque, recebe também de brinde, o risco de acordar com mandado na porta.

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