As recentes exonerações de Fabiana Lima de Sousa, filha do prefeito de Tocantinópolis, Fabion, e de José Mendonça, forte aliado do ex-prefeito Paulo Gomes, movimentaram os bastidores da política regional.
Ambos ocupavam cargos estratégicos no Governo do Tocantins e foram desligados por meio de publicações no Diário Oficial dos dias 15 e 16 de dezembro.
Fabiana exercia a função de assessora especial no gabinete do Governador, nomeada pelo ato nº 2.585 ML, assinado pelo então governador em exercício, Laurez Moreira, durante o afastamento de Wanderlei Barbosa. Já José Mendonça, ex-candidato a prefeito de Augustinópolis e um dos principais nomes do grupo político de Paulo Gomes, havia sido nomeado pelo ato nº 388 ML, publicado no Diário Oficial nº 6.911, em 2 de outubro de 2025.
À época das nomeações, a movimentação foi interpretada como um alinhamento total da família Gomes ao então governador interino Laurez Moreira. A estratégia, porém, se mostrou arriscada. Com o retorno de Wanderlei ao comando do Estado, o cenário político mudou drasticamente.
Wanderlei reassumiu o cargo após mais de três meses afastado e encontrou antigos aliados, entre eles a família Gomes, declaradamente próximos de Laurez. O gesto foi visto como ruptura de confiança, especialmente porque Wanderlei havia apoiado Fabion nas eleições municipais anteriores, chegando a subir no palanque do prefeito para reforçar compromissos com Tocantinópolis.
O retorno do governador deixou Fabion e Paulo Gomes politicamente fragilizados. Paulim, que depende fortemente dos contratos estaduais para manter sua base eleitoral estimada em cerca de 4 mil votos, passou a buscar novas articulações, chegando a aparecer em Brasília ao lado do senador Irajá. Fabion, por sua vez, tentou reaproximação com Wanderlei através da publicação e um card lhe parabenizando pelo retorno, mas não obteve reciprocidade pública, o governador republicou diversas mensagens de aliados celebrando seu retorno, exceto a do prefeito de Tocantinópolis.
Diante do isolamento, Fabion reapareceu ao lado da senadora Dorinha, figura que ganhou protagonismo dentro do grupo político de Wanderlei para as eleições de 2026. A movimentação indica uma tentativa de reconstruir pontes e evitar prejuízos maiores ao seu grupo.
Enquanto isso, cresce nos bastidores a possibilidade de fortalecimento da pré-candidatura a deputada estadual de Kátia Chaves, tocantinopolina que ocupa cargo estratégico no Estado. Caso avance, sua entrada na disputa pode alterar profundamente o equilíbrio político local, já que ela também dependeria da estrutura de contratos para consolidar votos, o mesmo terreno onde o grupo de Paulim tradicionalmente atua.
O cenário segue em ebulição, e novas articulações devem ocorrer nos próximos meses. Mas um ponto se torna cada vez mais evidente: a dependência de cargos comissionados e contratos temporários como moeda de troca política mantém Tocantinópolis e o Estado presos a ciclos de favorecimento. A adoção de concursos públicos amplos e transparentes é essencial para romper essa lógica e garantir que funções estratégicas sejam ocupadas por mérito, não por alianças eleitorais.