O Ministério Público Federal (MPF) manifestou-se contra o retorno do governador afastado, Wanderlei Barbosa, ao cargo de governador, após o habeas corpus impetrado com essa finalidade. Desde o dia 3, Wanderlei está afastado por determinação do ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça, no contexto da Operação Fames-19, que investiga desvios de recursos destinados a cestas básicas durante a pandemia de Covid-19.
Segundo o parecer da subprocuradora-geral Maria Caetano Cintra Santos, os elementos apresentados pela Polícia Federal indicam que o recebimento de vantagens indevidas por Wanderlei ocorreu por meio de pagamentos de despesas pessoais, boletos e depósitos fracionados em sua conta bancária. As operações eram realizadas por Marcos Martins Camilo, chefe de gabinete, e Thiago Macedo Mota, fiscal de contratos de fornecimento de cestas básicas. Além disso, depósitos em espécie na conta de Wanderlei e de seus filhos, efetuados por Welber Guedes de Morais, apontam para a continuidade de um esquema de corrupção que teria iniciado ainda na vice-governadoria e se intensificado após Wanderlei assumir o governo.
O parecer destaca também a apreensão de grandes quantias em dinheiro no gabinete do governador, sugerindo a continuidade do esquema criminoso. Parte dos recursos desviados teria sido canalizada para um empreendimento de luxo na serra de Taquaruçu, a Pousada Pedra Canga, registrada em nome dos filhos de Wanderlei, configurando lavagem de dinheiro.
Maria Caetano conclui que não houve ilegalidade ou abuso de poder na decisão de afastamento do governador, ressaltando que está devidamente fundamentada com base em provas destacadas.