A comunidade indígena Apinajé, localizada em Tocantinópolis, no norte do Tocantins, realizou uma intensa mobilização para denunciar as precárias condições dos serviços de saúde oferecidos às aldeias da região. Durante uma assembleia realizada ao longo de três dias, lideranças, conselheiros e moradores se reuniram para relatar e cobrar providências diante de uma série de problemas que afetam diretamente a vida e o bem-estar do povo Apinajé.
Entre as principais denúncias estão a falta de medicamentos, transporte insuficiente, estrutura precária nos postos de saúde, além da ausência de informações claras sobre mortes ocorridas em hospitais da região, especialmente no Hospital Regional de Augustinópolis.
Durante a assembleia, uma mulher relatou emocionada a frustração de não conseguir medicamentos para tratar o marido. Situações como essa são comuns nas aldeias, que enfrentam sérias dificuldades para obter atendimento médico adequado. Muitos pacientes são obrigados a viajar longas distâncias em busca de tratamento — uma jornada que, para alguns, termina de forma trágica e sem explicações.
O cacique Euclides Ribeiro, da Aldeia Mariazinha, cobrou a ampliação da frota de veículos para transporte de pacientes e exigiu esclarecimentos sobre mortes suspeitas ocorridas em unidades hospitalares. Segundo ele, além do sofrimento com a perda de entes queridos, as famílias enfrentam o silêncio das autoridades.
A precariedade também atinge diretamente a Aldeia São José, onde o posto de saúde está em condições deterioradas, sem infraestrutura adequada e sem medicamentos. A situação nas vilas mais isoladas é ainda mais crítica, com moradores completamente desassistidos.
A presidente do conselho de saúde indígena local destacou que, em visitas recentes às comunidades, identificou casos alarmantes de pessoas adoecendo e até morrendo sem acesso a atendimento médico básico. Em resposta, a comunidade reivindica a construção de uma casa de apoio em Augustinópolis, o reaparelhamento das unidades de saúde e materiais de qualidade para os profissionais da área.
José Eduardo Dias Apinajé, presidente da associação indígena, reforçou a urgência da renovação e expansão do centro de saúde da Aldeia São José e a importância de se garantir um tratamento digno e humanizado aos indígenas, tanto nas aldeias quanto nos centros urbanos.
Outra reivindicação apresentada pelas lideranças é a remoção da chefe do PBI (Polo Base Indígena) de Tocantinópolis, Lilian Pinho da Silva. Os caciques acusam a servidora de maus-tratos, intimidações contra familiares de pacientes e ameaças de processo contra as lideranças que denunciam a situação. Lilian é filha da ex-vice prefeita Eleny Pinho, aliada do grupo político que comanda a prefeitura de Tocantinópolis há mais de três décadas.